Os riscos logísticos são inerentes ao cenário de processos logísticos complexos da indústria e podem comprometer a cadeia de suprimentos e os fluxos internos necessários ao atendimento dos clientes. Por isso, é fundamental saber gerenciar as diferentes situações para reduzir ao máximo o potencial dos riscos ou eliminá-los.
É aí que entra a gestão de riscos, com os objetivos de identificar e reduzir os perigos associados às tarefas a fim de melhorar a confiabilidade dos processos e a relação com os clientes. E para colocar o conceito em prática é preciso primeiro conhecer os riscos relacionados ao setor para, então, traçar estratégias específicas.
Neste post vamos apresentar problemas que podem surgir e citar algumas boas ações para alcançar melhores resultados. Confira!
Riscos associados ao transporte de cargas
O transporte de cargas traz um impacto significativo para os custos logísticos. De acordo com dados do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), o Brasil é o sexto com mais riscos nesse quesito, especialmente por conta da criminalidade presente nas principais rodovias do Brasil.
Esses dados fazem o custo do frete aumentar. Por exemplo, em um trajeto de até 100 km, o gasto com seguro é de aproximadamente 4% do valor da prestação de serviços, enquanto em uma rota com mais de 1.000 km é de 2%. Por outro lado, se as cargas passarem por locais perigosos, o custo pode até dobrar.
Se for necessário contratar uma escolta armada, os gastos com segurança elevam ainda mais as despesas de um frete. O Brasil contabilizou 22 mil roubos de carga em 2018, com prejuízos que alcançaram R$ 2 bilhões. Entre os produtos mais visados estão eletrônicos, cigarros, bebidas, combustíveis, autopeças e artigos farmacêuticos e alimentícios. Logo, a escolta em determinadas situações é necessária.
Outro problema associado ao transporte são os atrasos nas entregas, que impactam na satisfação dos clientes porque os pedidos são entregues após o prazo estipulado. Para a indústria, também representam lentidão na produção por conta da falta de insumos.
E ainda temos os acidentes, que ocorrem na maioria das vezes por imprudência de motoristas, más condições das estradas e sobrecarga de veículos.
Todos esses riscos podem ser amenizados com práticas como o monitoramento da frota com software de rastreamento. Ele identifica o trajeto e permite compartilhar informações com clientes e motoristas, mantendo todos os envolvidos atualizados do status de cada transporte.
A roteirização das entregas é outra boa medida. Ele aperfeiçoa as rotas, agiliza a movimentação de cargas e permitir diminuir os custos, como pelo consumo de combustível, e evitar trajetos arriscados.
Riscos associados à gestão de estoque
O estoque causa problemas financeiros às empresas por um motivo simples: o número excessivo de itens armazenados representa capital de giro parado, enquanto a falta interrompe a produção e as vendas, o que é perda de oportunidades.
Para evitar esse risco logístico é necessário trabalhar com o número mínimo de produtos armazenados, a fim de alcançar o equilíbrio entre os dois vieses apresentados. Quando isso é ignorado, os problemas gerados são desperdícios, perdas e até desvios.
Por sua vez, ao realizar uma boa gestão de estoque, há impactos positivos ao preço e à lucratividade do negócio. Portanto, é necessário evitar esses riscos, que contemplam três principais fatores:
- valor dos produtos;
- nível de incerteza sobre a demanda e o fornecimento de entregas pelos fornecedores;
- taxa de obsolescência.
Para alcançar esse patamar, deve-se fazer uma boa previsão da demanda e cuidar da movimentação de mercadorias. A curva ABC ajuda nesse processo identificando os produtos com mais ou menos giro para validar números de armazenamento.
Riscos associados à supply chain
A interrupção dos fluxos de materiais e informações podem ser comuns em uma cadeia mal gerenciada, e oferecem um impacto significativo à produção e às finanças.
Os atrasos em recebimentos geralmente acontecem por conta de um fornecedor que deixa de atender às oscilações da demanda. Mas os problemas ainda podem ser outros, como:
- produtos de baixa qualidade;
- produtos fora das especificações;
- excesso de inspeções ou manuseio.
Essas situações são evitadas ao considerar os quatro processos integrantes da supply chain.
Recebimento
A primeira etapa é aquela em que informações importantes são definidas, como conferência por quantidade, identificação e inspeção de mercadorias. Esses estágios aumentam a velocidade da separação dos materiais e a produtividade das equipes. O objetivo é organizar os itens e usar tecnologias, como RFID, para alcançar as metas esperadas.
Armazenagem
O processo de alocação dos endereços de armazenamento é fundamental. É importante levar em conta a proximidade com o picking, setorização e outras regras. A proposta é facilitar o acesso para movimentação dos produtos e trazer mais precisão ao estoque.
Separação
A ideia é aprimorar o planejamento e a execução a partir de diferentes diretrizes, como Primeiro que Entra Primeiro que Sai, Primeiro que Entra Último que Sai, redução de visitações, data crítica e mais. Para definir o método ideal, é preciso avaliar suas operações e analisar os dados do ERP para determinar as melhores ações a serem tomadas.
Expedição
O propósito aqui é verificar e despachar as mercadorias. Caso a frota seja própria, faça um bom planejamento, execute e controle as etapas de transporte. Foque a redução de custos e automatize as atividades com a ajuda de softwares e coletores de dados. Desse modo, o processo se torna mais rápido e menos suscetível a erros.
Riscos associados a processos internos
Tarefas rotineiras exigem tempo e dinheiro, além de profissionais qualificados para realizar atividades importantes, como a separação e a movimentação de insumos e produtos.
A separação, como indicamos, pode até prejudicar a linha de produção na indústria e causar atrasos em entregas para os clientes. Por sua vez, a movimentação começa na identificação das mercadorias e vai até a chegada aos clientes.
Vale a pena automatizar o processo com um WMS (software de armazenamento) e até pensar em terceirizar a distribuição dos produtos, a fim de reduzir custos e aumentar a eficiência. Considere ainda a padronização de processos, para o cumprimento de requisitos específicos e aumento do controle.
Quando necessário, revise e ajuste os processos. Lembre-se de que eles não devem ser inflexíveis ou estáticos. Além disso, torne-os visíveis a todos para evitar dúvidas e aumentar a fluidez.
Ao trabalhar esses riscos logísticos, você diminui as chances de gargalos e aumenta a eficiência dos processos. Assim, reduz custos e obtém ganhos significativos para a produtividade e finanças. E agora que você conheceu os riscos, veja como aprimorar ainda mais a atividade aplicando a logística estratégica para ter um setor mais eficiente e tático.