Se você quer o melhor desempenho possível para o ERP e demais sistemas utilizados na empresa, deve pensar no dimensionamento de hardware. Mesmo os mais robustos e bem integrados softwares não podem ter boa performance se o ambiente de hardware não estiver bem adequado a eles e à demanda gerada por processos e usuários.
De preferência, o dimensionamento precede qualquer implementação. Mas também pode ser feita posteriormente para análise e adequação da infraestrutura física às aplicações, principalmente se novas forem implementadas, como integrações com o sistema de gestão.
Como o sizing é complexo, exige cuidados com diversos pontos e especificidades. Agora, abordaremos cinco deles e alguns dos detalhes que mais influenciam em análises, estimativas, testes e decisões.
Dimensionamento de software
Como o ambiente de hardware é estimado justamente para rodar com bom desempenho as aplicações já existentes e que ainda serão desenvolvidas e/ou adquiridas, é muito importante primeiramente dimensionar softwares e integrações que deverão ser suportadas e disponibilizadas.
Uma das técnicas mais antigas para dimensionar softwares é a LOC (Lines of Code — estimativa por número de linhas de código). Por somente poder ser utilizada antes do deploy de sistemas, é um formato possível para novas implementações, como de expansão do ERP ou criação de integrações.
Já a análise por pontos de função dimensiona aplicações, já em uso ou não, a partir do volume de funcionalidades e de solicitações dos usuários, quantificando a relação entre as funções e usuários ou demais sistemas.
Existem também diversos outros modelos de dimensionamento de softwares, que se adéquam a projetos de natureza distintas para a infraestrutura de tecnologia.
Volume de usuários simultâneos
Um usuário, para ser considerado como ativo, precisa atender aos seguintes critérios simultaneamente:
- estar conectado em sistema cujos processos são executados pelo ambiente de hardware interno;
- estar rodando processos de negócios ou consultas nas plataformas.
Logo, uma sessão ociosa — como quando o profissional está com aplicação aberta na tela inicial somente, mas trabalhando em outra coisa e não nela — não entra na conta.
Também é preciso excluir da conta usuários que estão operando softwares não executados pela infraestrutura interna. Por exemplo, uma ferramenta SaaS não integrada ao ERP não gera demanda para o ambiente.
Outra boa prática relacionada a esse fator é considerar sazonalidades, que podem ser os picos de uso. Isso para manter, por exemplo, desempenho durante o mês inteiro e não ocorrer lentidão e interrupções na semana de fechamento de vendas, consolidação de impostos e fechamento financeiro.
Volume e complexidade de processos
Quanto mais complexa é uma rotina, mais capacidade ela exige do ambiente para execução de processos. E o mesmo vale para o número de transações envolvidas em cada rotina.
Esses dois fatores ainda devem ser relacionados à simultaneidade dos usuários, o que ajuda a encontrar a resposta para a necessidade de armazenamento para transações, pois é preciso estimar o quanto de memória cada transação dos processos ocupa, e o total precisa ser coberto pela memória para processamento e banco de dados implementada.
A complexidade e a quantidade de personalizações também precisam ser características consideradas. As customizações podem ter grande impacto no tamanho da infraestrutura necessária para os sistemas funcionarem com disponibilidade e desempenho esperados para os usuários.
Escalabilidade
O dimensionamento de hardware precisa conceber uma capacidade para o ambiente com margem para o aumento de demanda, e não somente aquela necessária para suportar picos sem interrupções ou lentidão. Aqui, nos referimos ao crescimento permanente de uso do ERP e suas integrações: mais processos, transações, dados armazenados e transitados e usuários.
Além de uma margem segura claramente absorver bem picos e sazonalidades, ela deixa a infraestrutura já pronta para o crescimento de demanda e da própria empresa em médio e longo prazos. E esse planejamento aumenta o tempo de duração do investimento feito em sizing e no ambiente efetivamente, também reduzindo custos e esforços para a abertura recorrente de novos projetos de adequação às necessidades dos processos de negócios.
Metodologia e testes
Muito do trabalho de dimensionamento é análise de processos e coleta de dados sobre eles e softwares. Na metodologia e na realização dos testes, toda essa informação é utilizada na prática para simular cenários e obter mais respostas e insights para a tomada de decisões do ambiente.
Com testes sintéticos e de carga automatizados para aplicações pode-se constatar o volume de transações suportado por determinados componentes. Assim, observa-se o status da infraestrutura e o que, se necessário, precisa ser alterado ou qualificado para a dimensão do ambiente ser adequada aos softwares e suas demandas.
A metodologia Transaction Processing Performance Council (TPC), uma das mais utilizadas para o sizing, gera uma série de benchmarkings de requisitos de funcionamento para processamento de transações. Por exemplo, pelo benchmark TPC-C especificamente, as atividades de ambientes complexos de transações podem ser simuladas, com os resultados servindo para comparação de índices de transações suportados por diferentes hardwares.
Após tomadas as decisões, não se pode esquecer da segurança e da integridade dos componentes em si, atentando a cuidados como controle de temperatura, umidade e acesso para a localização deles. E como problemas podem ocorrer mesmo com práticas preventivas, o plano de contingência de TI deve se estender aos hardwares.
Caso um dimensionamento de hardware bem detalhado e abrangente já tenha sido feito anteriormente, seus resultados podem servir de base para ocasiões nas quais o sizing precisa ser refeito ou revisado. Já se o processo nunca ocorreu, a solução restante é iniciar as estimativas e posteriormente documentá-las com especificidade.
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